O surgimento da coquetelaria
Quando o aumento do comércio entre nações apresentou sensível elevação no final do século 18, um fato é relevante e educativo: a alquimia entre bebidas internacionais a serviço da hospitalidade. Os vermutes da região do Piemonte, Itália, ajudavam a suavizar os rudes gins fabricados pelos ingleses naquele momento. Isso ajudou substancialmente o comércio de bebidas e outros produtos entre ambos, promovendo inexoravelmente o intercâmbio cultural entre esses países, conhecidos na época pelo fundamentalismo de costumes e cultura.
Das mais diversas versões do surgimento da coquetelaria destacamos três: a primeira remete a uma obra inglesa publicada na década de 1870, em que se louvava os benefícios trazidos aos bares ingleses pela convivência com a França. As bebidas misturadas eram chamadas de cobler, cooler, crusta, cup, daisy, fix, flip, julep, negus, nog, sangaree, sling, smash, rickey, posset e... cocktail.
Para este último, há um registro no livro com uma curiosa receita: uma colher de sopa de bitter, duas doses de gim, meia de xarope de gengibre e meia de curaçau, tudo misturado e servidos em copos com as bords úmidas de suco de limão. Essa mesma obra reconhecia que a arte dos coquetéis já havia chegado aos EUA. E foram os americanos, na verdade, que os consagraram, transformando-os em uma espécie de mania nacional durante os anos 1920 ( início da era do jazz), mesmo durante a Lei Seca, como uma maneira de disfarçar o terrível sabor das bebidas fabricadas ilegalmente.
Outra versão surge na mesma Inglaterra, em 1879. Dois irmãos apreciavam o hábito de fazer misturas alcoólicas e bebê-las em pé nos balcões dos bares. Detalhe: as bebidas eram misturadas dentro de dois copos encaixados pelas bocas. E uma última vem da Pensilvânia, Estados Unidos, e confere a Mr. Boston, proprietário de ma fábrica de bebidas e escritor de um livro sobre bebidas e coquetéis, a criação da coquetelaria. Outros autores afirmam que o recipiente seria criação de um barman de um transatlântico, que navegava dos EUA para a Europa no final do século XIX. Ele teria se utilizado de dois copos encaixados pelas aberturas para fazer o shake. Esa, na verdade, é a famosa coqueteleira de Boston, a mais utilizada por bartenders americanos e europeus.
A origem do termo
A origem do termo é também motivo de controvérsias e mais especulações.
Para o connaisseur John Doxat, a palavra foi criada pelo lendário escritor e bom vivant, o inglês Dr. Johnson. Ele teria comparado a pecaminosa mistura de vinhos com destilados fortes aos cavalos de sangue misturado, que no interior da Inglaterra tinham seus rabos cortados ( em inglês cocked tails). Outra teoria afirma que o termo teria origem nas brigas de galos, em que as penas eram usadas para mexer ou decorar as bebidas dos apostadores na região do Mississipi. Há ainda um drinque preparado e batizado por uma linda garota mexicana chamada Coctel.
Já a taberneira Betsy Flanaghan, viúva de um soldado revolucionário, teria roubado as penas de um galo do inimigo para decorar os drinques que servia em seu bar. Porém a mais hilária dessas suposições fala de um taberneiro de Massachusetts, o irlandês Flanaghan, que vivia as turras com seu vizinho compatriota, mas religioso e avesso às farras promovidas pelo dono do bar. Flanaghan, devido ao funcionamento de seu estabelecimento noturno, era invariavelmente acordado pelo galo de seu vizinho, um pastor protestante pra lá de radical. Numa de suas pregações, o pastor ousou pregar justamente no bar de Flanaghan, que decidiu se vingar: na calada da noite depenou o galo que sempre o despertava após o trabalho, e no dia seguinte serviu seus clientes com uma bebida decorada sugestivamente com as penas do galo. A brincadeira se tornou uma expressão que seria usada ironicamente por todos aqueles convivas: “ Por favor, um cocktail ( rabo de galo)!” Verdade ou lenda, o fato é que curiosamente o nome do personagem de Tom Cruise no antológico filme “Cocktail” é Flanaghan.
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