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Marcio Lopes é Chef de Cozinha, professor e consultor na área de gastronomia.

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segunda-feira, 25 de abril de 2011

A Evolução das Bebidas

Supõe-se que o primeiro contato do nosso antepassado primitivo, o proto-homem, com a bebida alcoólica foi ao ingerir uma fruta fermentada naturalmente, pelo ataque de leveduras selvagens no rompimento de sua casca, transformando a glicose em álcool etílico. Desde então, essa transformação acompanha a evolução da civilização, sendo fator determinante, muitas vezes, na auto-afirmação, simbolismo e até valorização da cultura de cada povo e localidade. A mitologia e o simbolismo antigo atribuem a vinha e ao vinho, como bebida, poderes regenerativos e capacidade de aproximar o homem da divindade. A bebida desde então serviu como elemento de rituais religiosos, festivos, e muitas vezes medicinais.

Dos efeitos estimulantes ou relaxantes provocados pelo consumo das mais diversas formas e expressões de bebidas, com exceção da água, até a perda de sentidos coletivos como fenômeno social, a bebida sempre foi ao longo da história humana elo promotor da sociabilidade entre os homens e membros de diferentes culturas e procedências.

As bebidas alcoólicas estão no âmago central de todas as celebrações sociais desde os primórdios da civilização. O apreço pelos efeitos relaxantes ou estimulantes que elas promovem fez com que este elemento estivesse presente em rituais das mais distintas naturezas. Desde que as primeiras comunidades se iniciaram no cultivo de grãos, com o advento da agricultura, é possível precisar a importância que as bebidas tiveram como prazer humano.

Do Egito antigo surgiram os processos rudimentares da fabricação de cerveja e o ato social do encontro após as atividades profissionais; o vinho era utilizado pelos médicos contemporâneos a esses mesmos egípcios como agente amenizador das dores e enfermidades. Mais tarde a importância do pão e vinho no mundo cristão fundamentando os rituais religiosos fez com que a bebida fosse citada 150 vezes no Velho Testamento e 10 vezes no Novo Testamento. Como elemento emblemático de uma nova cultura, o vinho foi fator simbólico no aculturamento dos povos bárbaros promovidos pelos romanos através de sua política da “Pax Romana” e dos foederati, que contribuíram para a difusão da bebida por toda a Europa.

Os mosteiros seriam após a queda de Roma os arautos de preservação da cultura vínica e muitas outras descobertas relacionadas às bebidas alcoólicas. Entre os séculos X e XV surgiram as principais bebidas destiladas na Europa, dentre elas a vodka, o whisky e o conhaque. Acredita-se até que a vodka teria sido fator responsável pela conversão dos russos ao cristianismo, com o veredicto do Príncipe Vladimir de Kiev que preteriu as severas restrições do islamismo em relação ao consumo do álcool.

A tecnologia das navegações marítimas levou os europeus a um conhecimento sem precedentes no planeta. A descoberta do chocolate e do café fez com que hábitos mudassem radicalmente em virtude dos efeitos estimulantes provocados por essas bebidas. O consumo do café e do chocolate se tornaria moda na Europa, sobretudo na França, com o café, e com a Espanha com as chocolaterias. Esses elementos foram fatores promotores de sociabilidade, pois seu consumo estimulava tais rituais.

 
 
A evolução da humanidade a cada dia nós dá uma noção do que podemos fazer. No ramo da gastronomia estamos ainda aprendendo e temos o infinito ao nosso alcance.
 
 
Chef Marcio lopes "sempre querendo estar com vocês."

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